O último verão

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Era o último verão antes do ensino médio, e Lucas nunca imaginou que aquelas férias trariam algo que ele carregaria para sempre. Ele morava com a família em uma cidade pequena e tranquila, onde todos se conheciam e as tardes pareciam passar devagar. Mas naquele verão, o melhor amigo de infância de Lucas, Gabriel, viera passar as férias na casa ao lado.

Lucas e Gabriel haviam sido inseparáveis quando crianças, mas, com o tempo, a vida e a distância fizeram com que se vissem cada vez menos. Quando Gabriel chegou, Lucas mal o reconheceu. O menino tímido de antes agora parecia mais confiante e seguro de si, com um sorriso que iluminava o rosto de uma maneira especial. No primeiro dia, eles passaram horas conversando, como se quisessem compensar o tempo perdido, e logo retomaram a cumplicidade de antes, rindo e relembrando aventuras da infância.

As semanas foram passando, e os dias de verão pareciam ser sempre os mesmos: longos passeios de bicicleta, tardes na beira do rio e noites estreladas em que ficavam deitados na grama, trocando histórias e sonhos sobre o futuro. Mas, naquela proximidade renovada, Lucas começou a sentir algo diferente. Algo que ia além da amizade e da alegria de reencontrar um amigo querido. Ele notava o jeito de Gabriel rir, como ele mexia no cabelo distraidamente e, principalmente, como o coração de Lucas disparava ao estar perto dele. Era uma sensação nova, intensa e, ao mesmo tempo, assustadora.

Em uma tarde particularmente quente, os dois decidiram se refrescar no lago que ficava escondido entre as árvores. Eles nadaram, brincaram e mergulharam juntos até que o cansaço os fez parar. Sentados lado a lado na margem, o silêncio parecia carregar uma carga especial, como se tudo o que quisessem dizer estivesse preso, esperando para ser revelado. De repente, Gabriel olhou para Lucas e, com uma expressão suave, perguntou:

— Você já se sentiu diferente quando está perto de alguém? Como se só a presença dela bastasse pra te deixar feliz?

Lucas sentiu o rosto esquentar, mas sorriu timidamente, sem coragem de olhar diretamente para Gabriel. Com um nó na garganta, ele apenas assentiu, sentindo que a pergunta era tanto para ele quanto para o próprio Gabriel.

O silêncio se alongou, mas não era desconfortável. Era como se, naquele momento, os dois entendessem algo sem precisar de palavras. Gabriel estendeu a mão, tocando de leve a de Lucas, que, hesitante, entrelaçou seus dedos nos de Gabriel. Foi um gesto simples, mas cheio de significado. Eles se olharam e, pela primeira vez, Lucas viu um reflexo do que sentia nos olhos de Gabriel.

Foi ali, à beira daquele lago escondido, que os dois descobriram o amor pela primeira vez. Um amor que não precisava ser explicado ou rotulado, apenas vivido. Nos dias seguintes, sem palavras e com pequenos gestos, eles se entregaram a essa descoberta, explorando com timidez e carinho os sentimentos que sentiam um pelo outro.

Quando as férias terminaram, Lucas e Gabriel sabiam que voltariam a se ver e que, de alguma forma, aquela conexão faria parte deles para sempre. Era o começo de algo novo, algo que, mesmo que o tempo passasse, jamais seria esquecido.

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